segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FILOSOFIA - 3º ano: Mito e filosofia: Continuidade ou ruptura?

Delmo Mattos da Silva
Universidade Salgado de Oliveira, Brasil

        Pela interpretação tradicional da História da Filosofia, somos persuadidos a crer que a Filosofia emerge entre os Gregos por uma ruptura com o Mito. Não havendo, por assim dizer, uma continuidade dessa forma de se entender a realidade com o afloramento de uma nova atitude frente à realidade puramente racional inaugurada pelos Gregos. Entretanto, existem inúmeras controvérsias quanto a essa interpretação, o que nos leva a crer, por vários motivos, que há evidencias que nos levariam a aceitar uma continuidade significativa do discurso Mítico no interior da Filosofia nascente, e abandonar a difundida tese do "Milagre Grego". (O "Milagre grego" em nada se aproxima do Mito, são visões totalmente divergentes da realidade, de modo que o acontecimento da filosofia deixa transparecer o testemunho de uma mutação no pensamento.)

        Não é fácil, contudo, traçar com precisão uma "fronteira temporal", parafraseando Jaeger, que pudesse nos evidenciar o momento exato de que não mais estaríamos a falar do Mito, mas sim do pensamento racional. Este, porém, seria o sinal para aceitarmos uma provável "conexão orgânica" (continuidade) entre esses dois modos de conhecer a realidade. Contudo, não nos é fácil aceitar de antemão tal evidência, pois sabemos que existem diferenças fundamentais entre Mito (Mythos) e Filosofia (logos). Características que levaram, de fato, os intérpretes da História da Filosofia a sustentarem a tese da descontinuidade entre Mito e Filosofia. Sabemos que a constituição Mitológica, como forma de se entender a realidade, estava enraizada no interior da sociedade grega tão profundamente, que seria até obvio que houvesse uma persistência e confluência na fase inicial da Filosofia. Atentemos neste momento, em definir o que era o Mito e qual a sua função na sociedade grega. O Mito, enquanto uma narrativa, corresponde à primeira forma de se pensar o real, ou de representá-lo. Neste caso encontramos uma explicação ou um relato de um acontecimento que teve um lugar no tempo primordial de modo que institui um começo ou uma origem para tal acontecimento. Na verdade, o Mito narra como, graças aos feitos de personagens sobrenaturais, uma realidade veio a existir efetivamente, seja a realidade na sua totalidade — o Cosmos, ou apenas um fragmento dessa realidade. Assim dentro da sociedade grega o Mito destina-se a satisfazer uma curiosidade, que não é científica, de fazer reviver uma realidade original, e, sobretudo, responde a uma profunda necessidade religiosa às aspirações morais, restrições e imperativos de ordem puramente social. O pensamento Mítico guarda em si diferenças que não são acompanhadas pela tradição racional do pensamento — por esse motivo uma leitura filosófica renuncia de bom grado a explicação do Mito. Porém, há um ponto de convergência bastante interessante: o fato de que o Mito se comporta, apesar de suas peculiaridades, como uma explicação simbólica sobre a origem. Esse ponto é fundamental para os intérpretes que procuram um ponto de conexão entre o pensamento Mítico e o racional: A questão da origem. A questão da origem nos remete ao fundamento de algo, daquilo que brota e emerge esse algo. Na verdade, tanto o Mito quanto a Filosofia asseguram para si uma explicação sobre a origem do Universo. Guardada as devidas proporções tanto o Mito quanto a Filosofia possuíam a mesma preocupação sendo que explicada de maneiras diferenciadas.
 
 
Tarefa:

Os alunos do terceiro ano deverão encamihar um texto explicando sua visão sobre a relação entre mito e filosofia. Se concorda que a filosofia seja uma continuação do mito ou, se o contrário, se o pensamento filosófico deriva harmoniosamente do mito, sendo uma continuidade.



Seus textos deverão tem um mínimo de dez linhas.


A resposta deverá estar em arquivo doc, ou docx, com a formatação de página padrão do word (margem normal 2,5cm por 3 cm), e deverão ser encaminhadas em anexo para o e-mail do professor. No assunto da mensagem deverá constar a matéria (Filosofia ou Sociologia) o nome do aluno e a série.

FILOSOFIA - 2º ano: O mito de Deucalião e Pirra.


O muito de Deucalião e Pirra.
“A  terra  é  a mãe  comum de nós  todos;  as pedras  são  seus ossos; poderemos  lançá-las para  trás de nós; e creio ser  isto que o oráculo quis dizer. Pelo menos, não fará mal tentar." Os dois velaram o rosto, afrouxaram as vestes, apanharam as pedras e atiraram-nas para  trás. As pedras (maravilha das maravilhas!)  amoleceram  e  começaram  a  tomar  forma.  Pouco a pouco, foram assumindo uma grosseira semelhança com a forma  humana,  como  um  bloco ainda mal  acabado  nas mãos  de  um  escultor. A umidade e o lodo que havia sobre elas transformaram-se em carne; a parte pétrea transformou-se nos ossos; as veias ou veios da pedra continuaram veias, conservando seu nome e apenas mudando sua utilidade. As pedras lançadas pelas mãos do homem tornaram-se homens, as lançadas pela mulher tornaram-se mulheres. Era uma raça forte e bem  disposta  para  o  trabalho  como  até  hoje  somos,  mostrando  bem  a  nossa origem.” Continuando sua busca em reconstruir o mundo, Deucalião e Pirra tiveram um filho, aquele que guiaria todo o povo, Heleno. É por esse motivo que os gregos se autodenominavam de helenos, e a Grécia de Hélade. (Mito de Prometeu in Bulfinch, 2002, p.25)
Tarefa:

Os alunos do segundo ano deverão encamihar um texto buscando interpretar o referido mito. No mesmo será importante responder às questões referentes á composição da sociedade grega e a origen da nobreza entre os gregos.



Seus textos deverão tem um mínimo de dez linhas.


A resposta deverá estar em arquivo doc, ou docx, com a formatação de página padrão do word (margem normal 2,5cm por 3 cm), e deverão ser encaminhadas em anexo para o e-mail do professor. No assunto da mensagem deverá constar a matéria (Filosofia ou Sociologia) o nome do aluno e a série.

sábado, 26 de janeiro de 2013

FILOSOFIA - 1º Ano: Origem do pensamento ocidental.

Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma (re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.

Assim, Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são considerados os educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os rapsodos (uma espécie de ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas obras daqueles autores.

Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com validade universal.

De Aristóteles a Descartes, a Filosofia ganhou uma conotação de ciência, de conhecimento seguro, infalível e essa noção perdurou até o século XIX, quando as bases do que chamamos Razão sofreu duras críticas com o desenvolvimento da técnica e do sistema capitalista de produção. A crença no domínio da natureza, da exploração do trabalho, bem como a descoberta do inconsciente como o grande motivador das ações humanas, evidenciaram o declínio de uma sociedade armamentista, excludente e sugadora desenfreada dos recursos naturais. A tendência racionalista fica, então, abalada e uma nova abordagem do mundo faz-se necessária.

O que era tido antes como pré-cientifico, primitivo, assistemático, ganha especial papel na formação das culturas. As noções de civilização, progresso e desenvolvimento vão sendo substituídas lentamente pela diversidade cultural, já que aquelas não mais se justificam. A releitura de um dos pensadores tidos como fundadores do idealismo racionalista preconiza que já na Grécia o mito não foi meramente substituído nem de forma radical, nem gradual pelo pensamento filosófico. Os textos de Platão, analisados não somente pela ótica conceitual, mas também dramática, nos proporciona compreender que um certo uso do mito é necessário onde o lógos (discurso, razão, palavra) não consegue atingir ainda seu objeto, ou seja, aquilo que era apenas fantasioso, imaginário, ganha destaque por seu valor prático na formação do homem.

Dito de outro modo, embora o homem deseje conhecer a fundo o mundo em que vive, ele sempre dependerá do aperfeiçoamento de métodos e técnicas de interpretação. A ciência é realmente um saber, mas que também é histórico e sua validade prática depende de como foi construído argumentativamente. Interessa perceber que Filosofia é amor ao saber, busca do conhecimento e nunca posse, como define Platão. Então, nunca devemos confundi-la com ciência, que é a posse de um saber construído historicamente, isto é, determinado pelas condições do seu tempo. Portanto, Mito, Filosofia e Ciência possuem entre si não uma relação de exclusão ou gradação, mas sim de intercomplementaridade, haja vista que um sempre sucede ao outro de forma cíclica no decorrer do tempo.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP


Tarefa:

Os alunos do primeiro ano deverão encamihar uma reflexão sobre esse texto dando sua visão sobre o que é mito. O seu texto deverá contemplar os seguintes pontos a saber:

O que você entende por mito? Dê um exemplo contemporãneo de mito.
Qual a importância do mito para o homem.

Seus textos deverão tem um mínimo de dez linhas.

A resposta deverá estar em arquivo doc, ou docx, com a formatação de página padrão do word (margem normal 2,5cm por 3 cm), e deverão ser encaminhadas em anexo para o e-mail do professor. No assunto da mensagem deverá constar a matéria (Filosofia ou Sociologia) o nome do aluno e a série.