Ao analisar a
gênese do lucro capitalista, Marx
toma como ponto de partida as categorias da Escola Clássica Inglesa: já Adam Smith havia observado que o
trabalho incorporado em uma mercadoria (o seu custo de produção em termos de
salários), era inferior ao "trabalho comandado" (aquilo que a
mercadoria podia, uma vez vendida, "comprar" em termos de horas de
trabalho). Para Smith, esta
discrepância é que explicava a existência do lucro, mas não suas causas. Smith considerava que o lucro estava
associado à propriedade privada do capital, na medida em que a renda de um
empresário dependia menos do seu trabalho como gerente do que do volume dos
seus investimentos, mas tal não explicava a existência do lucro como um
overhead sobre os custos de produção em termos de salários. Uma das saídas que
Smith considera, é que lucro é proveniente da oferta e da procura. Ou seja, o
lucro é criado pelo mercado. Distancia o lucro (riqueza) do processo de
trabalho.
Para David Ricardo tal se dava devido
ao fato de o salário gravitar sempre em torno dos seus níveis
"naturais" - isto é, de um mínimo de subsistência fisiológica, Caso,
em função de uma escassez de mão-de-obra, o salário subisse além do nível
natural, os operários se reproduziriam de tal forma que a oferta excessiva de
trabalho deprimiria de novo os salários ao mesmo nível natural. Para Ricardo, o lucro acabava sendo
simplesmente um "resíduo" - aquilo que sobrava como renda do
empresário depois de pagos os salários de subsistência e as rendas da terra;
como a teoria da renda da terra ricardiana propunha que a ocupação de terras
sempre piores inflava os custos de reprodução da mão de obra, haveria uma
tendência aos lucros serem comprimidos no longo prazo.
Marx adotou tal teoria ricardiana nas
suas obras de juventude, como o Manifesto
Comunista; mais tarde, no entanto, verificou que os valores dos salários,
variando de uma sociedade a outra, não se reduziam ao elemento biológico, mas
pelo contrário incorporavam elementos sociais e culturais ("como poderia
um operário francês subsistir sem seu vinho?" diz ele em O Capital).
É importante lembrar que, segundo o
Marx maduro, o valor do trabalho não é uma grandeza concreta: o operário não
vende sua "força" (caso contrário um operário fisiculturista deveria
ser mais bem remunerado que um outro de físico normal que realizasse o mesmo
trabalho) ou sua "habilidade". Pelo contrário, o progresso da
mecanização garante um padrão uniforme de produtividade física dentro de cada
ramo de atividade e para cada tipo de ocupação, igualando, até certo ponto, a
habilidosos e obtusos. Como coloca Marx, se o valor em trabalho (e, portanto, o
valor do salário como parcela do valor da mercadoria) correspondesse ao tempo
concreto gasto na produção de cada mercadoria individual, seriam os
trabalhadores menos habilidosos que produziriam as mercadorias mais valiosas,
pois demorariam mais tempo para produzi-las.
Mais-valia absoluta e relativa.
Karl Marx
chamou a atenção para o fato de que os capitalistas, uma vez pago o salário de
mercado pelo uso da força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias
para ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho
mantendo o salário constante - o que ele chama de mais-valia absoluta; ou
ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - o que ele
chama de mais-valia relativa. Em fazendo esta distinção, Marx rompe com a ideia
ricardiana do lucro como "resíduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliarem autonomamente
suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reprodução física
da mão-de-obra. Produção de mais-valia relativa é um modo de incrementar a produção
do excedente a ser apropriado pelo capitalista. Já a mais-valia absoluta
consiste na intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de
controles impostos aos operários, que incluem da mais severa vigilância a todos
os seus atos na unidade produtiva até a cronometragem e determinação dos
movimentos necessários à realização das suas tarefas. O capitalista obriga o
trabalhador a trabalhar a um ritmo tal que, sem alterar a duração da jornada,
produzem mais mercadorias e mais valor que sem esses controles. Economia
Política ( José Paulo neto e Marcelo Braz).
Capital e poder.
A exploração da mão de obra, do proletário, de seres humanos visando o lucro, o ganho de capital, se dá mediante a meta do mundo capitalista: PODER.
Sociedades, países, indivíduos que possuem capital possuem poder. Este poder em primeira instância possibilita ao seu detentor conquistar a exclusividade no consumo de determinados produtos e matérias primas. Ou seja, é o poder de viver melhor. E, tendo este poder de consumo, submete-se aos seus interesses aqueles que buscam o mesmo poder, o capital, mas que não o possuem. Aí o poder se torna o de submeter.
Submissão de países, povos, pessoas, grupos sociais, indivíduos, todos se submetendo aos detentores do capital. Esses detentores do capital compram suas matérias primas, sua força de trabalho, seus recursos.
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