Da Origem do Estado
O Estado e seu
Governo
Como sabemos, todo Estado é uma
sociedade, a esperança de um bem, seu princípio, assim como de toda associação,
pois todas as ações dos homens têm por fim aquilo que consideram um bem. Todas
as sociedades, portanto, têm como meta alguma vantagem, e aquela que é a
principal e contém em si todas as outras se propõe a maior vantagem possível.
Chamamo-la Estado ou sociedade
política.Enganam-se os que imaginam que o poder de um rei ou de um magistrado de
República só se diferencie do de um pai de família e de um senhor pelo número
maior de súditos e que não há nenhuma diferença específica entre seus poderes.
Segundo eles, se tem poucos súditos é um senhor; se tem alguns a mais é um pai
de família; se tiver ainda mais é um rei ou um magistrado de República. Como se
não houvesse diferença entre uma grande família e um pequeno Estado, nem entre
um rei e um magistrado de República. A distinção seria que um rei governa
sozinho perpetuamente, enquanto um magistrado de República comanda e obedece
alienadamente, em virtude da Constituição.
Tudo isso, porém, é errado, como
veremos ao examinar esta matéria segundo o método que usamos em nossas outras
obras. Como não podemos conhecer melhor as coisas compostas do que decompondo-as
e analisando-as até seus mais simples elementos, comecemos por detalhar assim o
Estado e por examinar a diferença das partes, e procuremos saber se há uma
ordem conveniente para tratar de cada uma delas.
O Homem, "Animal
Cívico"
A sociedade
que se formou da reunião de várias aldeias constitui a Cidade, que tem a
faculdade de se bastar a si mesma, sendo organizada não apenas para conservar a
existência, mas também para buscar o bem-estar. Esta sociedade, portanto,
também está nos desígnios da natureza, como todas as outras que são seus
elementos. Ora, a natureza de cada coisa é precisamente seu fim. Assim, quando
um ser é perfeito, de qualquer espécie que ele seja -homem, cavalo, família -,
dizemos que ele está na natureza. Além disso, a coisa que, pela mesma razão,
ultrapassa as outras e se aproxima mais do objetivo proposto deve ser considerada
a melhor. Bastar-se a si mesma é uma meta a que tende toda a produção da
natureza e é também o mais perfeito estado. É, portanto, evidente que toda
Cidade está na natureza e que o homem é naturalmente feito para a sociedade
política. Aquele que, por sua natureza e não por obra do acaso, existisse sem
nenhuma pátria seria um indivíduo detestável, muito acima ou muito abaixo do
homem, segundo Homero:
Um ser sem
lar, sem família e sem leis.
Aquele que
fosse assim por natureza só respiraria a guerra, não sendo detido por nenhum
freio e, como uma ave de rapina, estaria sempre pronto para cair sobre os
outros.
Assim, o homem
é um animal cívico, mais social do que as abelhas e os outros animais que vivem
juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da
palavra, que não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a
expressão de sensações agradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais
são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este único
efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos
o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do
injusto, objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente dado o
órgão da fala. Este comércio da palavra é o laço de toda sociedade doméstica e
civil.
ARISTÓTELES. Política. São Paulo. Nova Cultural. 1999.
Para
Aristóteles viver numa sociedade politizada, em um Estado organizado e com leis
é uma ação de amor. Isto porque aquele que vive assim pratica uma amizade tão
profunda para com todos os concidadãos que se define como sendo uma ação
desprendida e caridosa, visando o bem a todos sem que se possa pedir
reconhecimento ou recompensa por assim agir. Portanto, ser cidadão é o ato mais
elevado que pode existir para esse filósofo.
Isto
posto, e com base no texto aqui apresentado, segue-se a tarefa:
Em
um texto bem redigido, responda as seguintes perguntas:
Qual a relação que Aristóteles faz
entre o Estado e a família?
Qual a crítica que ele faz à
política?
Por que é natural que o homem viva
em um Estado?
Estas respostas
devem constar de um texto discursivo no qual explicará a visão política de
Aristóteles. O número de linhas não será fixado, uma vez que não será plausível
que se cumpra essa tarefa com menos de dez linhas.
Como sempre, a
esta tarefa deverá ser enviada para o e-mail do professor, assim como a já
postada tarefa de sociologia.
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