terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Nietzsche e o Super-Homem.



                 O Super-Homem da DC Comics é o mesmo Super-Homem de Friedrich Nietzsche? Definitivamente não. Aliás, penso que se Nietsche visse um filme, ou lesse alguma HQ do super-herói sentiria muito desprezo pela a coisa toda. Quando Zaratustra, a personagem nitiana de seu romance “Assim Falou Zaratustra”, disse “Eu vos anuncio o Super−homem. O homem é superável. Que fizestes para o superar?”(Nietzsche, 2001, p.7), ele não se referia a um homem mais forte que os outros, ou um indivíduo superior como homem, na verdade queria Nietzsche contestar o próprio conceito de homem vigente, todas as suas verdades e certezas, toda a sua moral e bondade.


                    Superman é o filho favorito do Kansas, o herói da nação norte-americana, sua roupa tem as cores da bandeira, ele é recebido pessoalmente pelo presidente da nação, é modelo de cidadão e mesmo sua identidade secreta, Clark Kent, é um exemplo de cidadão politicamente correto. Tudo aquilo que Nitezsche desprezava. Por exemplo, quando Richard Wagner, a quem o filósofo nutria explícita admiração e apreço, ascende na sociedade alemã, começa a compor óperas que louvam valores e símbolos moralmente valorizados pela sociedade germânica cristã e galga boa posição no meio desta, ele diz:

                “O que eu nunca poderei perdoar a Wagner? A sua condescendência para com os alemães, a sua adaptação, a ponto de tornar-se um bom alemão... Pobre Wagner! Até onde chegara! Fosse dar pelo menos em meio de suínos! Mas... entre alemães!...” NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Ecce Homo: Como Cheguei a Ser o que Sou. Trad. Lourival de Queiroz Henkel. 4ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.p.53 e p.87.


               Ou seja, Nietzsche jamais admiraria, e muito menos criaria, uma personagem “bandeirosa”, que luta por valores morais aceitos pela boa sociedade ordeira. Ou pior, um herói que defende os fracos e oprimidos. Em “O Anticristo” Nietzsche execra a ideia de defesa dos fracos. Para ele isso rompia com a ordem natural das coisas, na qual os fracos devem perecer, fortalecendo a espécie e a sociedade, exclusivamente povoada pelos mais fortes, os mais aptos.


                       O super-homem nitiano é o homem que supera a si mesmo, que se recusa a seguir a moral vigente, muito menos a cristã.


                   Jamais o super-homem nitiano seria patriota ou regraria suas ações por valores produzidos pela nossa sociedade, a qual ele chamava de domada, domesticada. 



               O super-homem nitiano, como ele dizia, era o hiperbóreo, aquele que tal como um bárbaro vagaria sem rumo pelo mundo, agindo conforme sua vontade, nascendo e morrendo a cada dia. Este homem viveria o mito do eterno retorno, lançar-se-ia à vida de tal forma que aquele dia de viva valesse a pena ser vivido novamente, e novamente e assim eternamente. Mas nunca alguém que valorizasse a ordem de uma sociedade moralizada, formada por seres cuja vontade fora castrada por limites morais.


           Mas, então qual super-herói se aproximaria mais do Super-homem nitiano?


            Batman talvez? Está certo que ele derrotou o Superman em “O caveleiro das trevas retorna”, mas não. Batman, mesmo nesta saga, admite que seus limites e regras morais o impediram de fazer o que achava certo, matar o Coringa, quando ele diz “quantas pessoas eu matei por te deixar viver”, num diálogo célebre pouco antes de despachar o palhaço.


     Talvez um vilão? Não, Nietzsche sempre falou da importância da ética, e os vilões são mentirosos e traiçoeiros. Nem mesmo Magneto se enquadraria.


      Acho que o mais próximo que temos do ideal nitiano seja Rorschach, de Watchmen. 


                  Ele abandonou o próprio nome e era um fora da lei. Seguia um princípio moral somente seu, não se submetia a regras e fazia aquilo que achava necessário, matava os vilões sempre da maneira mais crua e imediata, às vezes rápido, noutras com extrema crueldade. 


          Mas Rorschach se escondia com uma máscara, coisa que certamente o filósofo niilista não aprovaria. O Bárbaro indomável, movido por sua vontade incontida não se encaixa nos padrões da cultura pop, nem nos mais extremos.


             Fato, o termo Super-Homem fora popularizado pela personagem da DC Commics, mas o conceito cunhado por Friedrich Wilhelm Nietzsche absolutamente nada tem a ver com tal personagem.



BIBLIOGRAFIA
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou Zaratustra. São Paulo: Cia. das Letras. 2001
________________________. Crepúsculo dos ídolos, ou como filosofar com o martelo. trad. Paulo Cesar de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2006.
________________________.Ecce Homo: Como Cheguei a Ser o que Sou. Trad. Lourival de Queiroz Henkel. 4ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mensagem de fim de ano.

Fala galera, alunos do Ensino Médio do MDA.
Quero agradecer o ano agradável que passamos. Para mim foi muito divertido e produtivo.
Esta escola e vocês, alunos que considero alguns dos mais educados e respeitadores que já tive, me proporcionaram um ano de trabalho gratificante e inovador. Tanto pelos recursos didáticos, os quais me propus a explorar o máximo que pude, quanto pela liberdade de trabalho concedida pela coordenação mas principalmente pelo interesse das turmas, que souberam apreciar o nosso humilde empenho.
Espero que tenham um excelente fim de ano, e que em 2014 tenhamos mais sucesso ainda. Aos que se vão, nossos queridos formandos, desejo sucesso em suas vidas e saliento que estamos aqui prontos para ajudar no que for preciso.
Eu desejo, honestamente, que suas férias sejam felizes para que o retorno ao trabalho seja animado e cheio de boas perspectivas.
Prof. Juarez.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ahahahaa eeee começaram as férias moçada. Aí vão dicas do que fazer nelas.

Cortar grama


Brincar de lutinha


Entrevistar "ozotro" com garrafa de Gatorade.



Namorar vendo a neve



Tirar uma foto sensual


Descer a ribanceira de skate.


Tentar se aproximar das pessoas.


Caçar andorinha na Rabitolândia.


Fazer alterofilismo


"Fazê arti"hihihi

Fazer...

isso.
Véi, pra quê?


Brincar com criaturas alienígenas (aqueles do MIB que gostam de café, manja?)


Pular a buraqueira na Gaturamo.


Fazer salada

"Brincá" na escada


Ser Ninja.


Desenhar o Morgan Freeman no computador, olha o vídeo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

RECUPERAÇÃO FILOSOFIA e SOCIOLOGIA.



  • Conceitos de potencia, ato e movimento.
 
POTÊNCIA, ATO E MOVIMENTO 
        Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "ato puro".
         Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.




René Descartes

TEORIAS A PRIORI E A POSTERIORI.

        Toda teoria é apresentada em termos a priori (a princípio), ou seja, não submetida ao método racional e portando sendo apenas especulação. Após ser criticada e comprovada cientificamente esta mesma teoria passa a ser considerada como a posteriori (posterior à crítica). 
RACIONALISMO (IDEALISMO CRÍTICO)
        Negação da verdade empírica, da "realidade" advinda pelos sentidos. As impressões sensoriais, ou dos sentidos (o que vemos, tocamos etc) podem ser falsas, podem nos enganar. 
    Somente a razão (idéia racional) é incontestavelmente verdadeira.  
     
PRINCÍPIO DA DÚVIDA     
        Todo pensamento, para ser considerado verdadeiro deve ser contestado, duvidado e analisado matematicamente.
           Esse duvidar se dá mediante a crítica do argumento.
OS TRÊS ARGUMENTOS
ARGUMENTO DOS SENTIDOS: Nossos sentidos nos enganam. Aquilo que nosso aparelho cognitivo entende como realidade pode ser uma ilusão, uma miragem, uma sensação falsa, um sonho.


ARGUMENTO DO SONHO: A maior parte do tempo, ou a maioria das pessoas, estão sonhando. Um sonho acordado no qual nos enganamos e tomamos por verdadeiros falsas impressões, as impressões dos sentidos. A única saída para escaparmos à tal ilusão é a razão. Pode-se iludir com a visão, vendo um arco-íris, confundindo uma ação má por boa, um veneno por remédio, o sofrimento pela cura, pode-se realmente sonhar que está voando, mas não se pode sonhar que o resultado da operação 2+2 seja outro que não 4. Não se sonha com a razão. 
           Ao se sonhar podemos nos convencer absolutamente de que se pode voar, ou como por muito tempo se pensou que a força era a razão dos corpos entrarem em movimento. Mas se somarmos 2+2 e o resultado for 5 saberemos estar sonhando. 
           A partir desse exemplo simples podemos ampliar o raciocínio e estabelecer que um problema de saúde aparentemente simples, uma dor de cabeça, se submetido ao crivo da razão, por um médico, pode se apresentar na realidade como sendo um problema de fígado, tendo uma cura bem mais complexa do que o simples ministrar de um analgésico.
ARGUMENTO DO DEUS ENGANADOR OU GÊNIO MALIGNO: É possível que um gênio, alguém dotado de tal habilidade retórica, possa transformar uma sentença falsa, metafísica, uma verdade racional, ou matemática. 
        Einstein chegou a elaborar um cálculo que provava a existência do éter (substância que preenchia o espaço sideral). Imediatamente ele mesmo contrariou tal teoria. Hoje a ciência provou que tal teoria era falsa.


MÉTODO CARTESIANO: 
Descartes desenvolveu o método científico moderno, que consiste em quatro etapas.

1ª OBSERVAÇÃO: verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada;

2ª ANÁLISE RACIONAL: dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais simples e estudar essas coisas mais simples;
3ª SINTETIZAR: agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro;
4ª ENUMERAR: enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento.


        Dentro desse método científico insere-se, portanto, o modelo clássico de produção científica dividido em três fazes:
OBSERVAÇÃO: observa-se o fenômeno a ser estudado, após se ter certeza de este realmente ocorra. Para isso, a hipótese da existência do fenômeno será submetida ao método acima demonstrado.
RACIONALIZAÇÃO: o fenômeno será traduzido num discurso racional, submetido a cálculos matemáticos e teorizado. Assim, ter-se-á certeza de que não se trata de um fenômeno metafísico. 
        Um exemplo disso é o caso do "fogo fátuo", que diante do pensamento comum e corrente o fenômeno da "língua" de fogo que subitamente perseguia transeuntes em meio a floresta, ou dentro de cemitérios, era chamado de "Mula sem cabeça", ou no Brasil de "Mboitata", a serpente de fogo. Fato, o fenômeno incandescente existia, mas seria ele uma criatura racional a perseguir transeuntes? O método científico descobriu que se tratava de um rastro de chama produzida por metano de corpos em decomposição, atraído pelo vácuo deixado por quem passava pelo local do vazamento.

EXPERIMENTAÇÃO: o fenômeno deve ser passível de ser reproduzido, do contrário algo estaria errado, ou os cálculos, ou a teoria em si, ou o que se observara era mera ilusão dos sentidos.
        Um exemplo disso foi o lento processo que levou cientistas na primeira metade do século XX a perceberem que a melhora milagrosa causado pela ministração de penicilina pura em animais era na realidade um veneno que gerava superbactérias indestrutíveis. Ou seja, o que se observou ao longo de anos de experimentação do uso indiscriminado de penicilina foi o erro na teoria que ela eliminava absolutamente todos os parasitas do organismo humano dando-lhe saúde absoluta.
        O racionalismo é contraposto por outros pensadores que defendem o empirismo como a fonte segura de se conhecer a verdade, como David Rume.
 
 

 Método indutivo, ou indução, é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte da experiência sensível, dos dados particulares1 .

Próprio das ciências naturais também aparece na Matemática através da Estatística. Utilizando como exemplo a enumeração, trata-se de um raciocínio indutivo baseado na contagem.

É importante que a enumeração de dados (que correspondem às experiências feitas) seja suficiente para permitir a passagem do particular para o geral. Entretanto, a indução também pressupõe a probabilidade, isto é, já que tantos se comportam de tal forma, é muito provável que todos se comportem assim.

Em função desse "salto", há maior possibilidade de erro nos raciocínios indutivos, uma vez que basta encontrarmos uma exceção para invalidar a regra geral. Por outro lado, é esse mesmo "salto" em direção ao provável que torna possível a descoberta, a proposta de novos modos de compreender o mundo. Por isso, a indução é o tipo de raciocínio mais usado em ciências experimentais.

 

SOCIOLOGIA

 

O Surgimento da Sociologia no Brasil

         O surgimento da Sociologia formal no Brasil teve início a partir das décadas de 1920 e 1930, quando os estudiosos dessa área passaram a se dedicar a pesquisas que visavam construir um entendimento acerca da formação da sociedade brasileira analisando temáticas cruciais para essa compreensão. Assim, eles voltaram-se para estudos referentes a escravatura e a abolição, estudos sobre índios e negros e o êxodo rural, e mesmo analises sobre o processo de colonização.
          O período foi crucial para discussões sobre os desequilíbrios na sociedade brasileira, ainda mais devido à presença intensa dos ex-escravos nos grandes centros, sobretudo no Rio de Janeiro, devido a abolição da escravatura
 
A ABOLIÇÃO E A QUESTÃO DA TERRA

            A abolição da escravatura trouxe o problema dos desprovidos. Os escravos libertos eram agora cidadãos brasileiros sem terra, sem profissão, sem lar sem nada, apenas com a liberdade, o direito e vagar pelo país. O resultado foi de um lado o inchaço dos bairros pobres das grandes cidades, que culminou em crises sociais e sanitárias, como se observou em casos como a Revolta da Vacina (1904).

            No campo a calamidade dos negros livres se uniu a penúria dos pequenos proprietários de terras. Com a República novos impostos foram criados, cobrança que se somou à seca exaurindo os parcos recursos dos camponeses. O resultado foi aquele é entendido como um dos primeiros movimentos campesinos sem-terra do Brasil liderado pelo beato Antônio Conselheiro.

            É na cobertura desse evento que surge uma das primeiras obras formais sobre os problemas sociais brasileiros, Os Sertões de Euclides da Cunha.

            Esta obra evidencia o caráter cientificista do período. Divida em três parte, A Terra, O Homem, A Luta, demonstra uma visão racional da sociedade, matematicamente dividida e seguindo uma visão determinista, no caso o meio ambiente, quando trata do tema a Terra.
            Pode-se considerar que, apesar das influências republicanas, Euclides da Cunha procura fazer um relato realista do homem do sertão. Na sua procura por indivíduos vítimas da seca e da alienação do fanatismo religioso, o que o autor acaba relatando é que encontrou um povo forte, lúcido e bem organizado.
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.  É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeiramente conversa com um amigo, cai logo — cai é o termo — de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.
É o homem permanentemente fatigado.
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e à quietude.
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais surpreendedor do que vê-lo desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.”(CUNHA, Euclides. Os Sertões.S. Paulo, 2. ed., Ática, 2000. p.48.)
 

Sociologia brasileira - S XIX.



É sabido que desde os primeiros passos dessa ciência a Sociologia dedica-se ao desenvolvimento de estudos que tem como objeto as interações sociais, a organização das sociedades e inevitavelmente também os conflitos entre as classes sociais. A própria América Latina é um exemplo de como a Sociologia, especialmente no início do século XX, mostrou-se fortemente influenciada pelas teorias marxistas. Isso ocorre num momento onde os olhares voltavam-se principalmente para os problemas do subdesenvolvimento no continente, desenvolvendo importantes reflexões.
 
Durante o século XIX pouco, ou nenhuma, pesquisa sociológica foi feita no Brasil. O que se tinha eram jornalistas, cronistas e cartunistas que retratavam a sociedade brasileira de um ponto de vista crítico. Dentre eles podemos destacar o desenhista Angelo Agostini.  
 
Angelo Agostini foi um dos primeiros cartunistas brasileiros, foi o mais importante artista gráfico do Segundo Reinado. Sua carreira teve início quando estouravam os primeiros combates da Guerra do Paraguai (1864) e prolongou-se por mais de quarenta anos. Em seus últimos trabalhos, testemunhou a queda do Império e a consolidação da República oligárquica.
 
 

GILBERTO FREYRE

GILBERTO FREYRE 

Principal trabalho: Casa-Grande & Senzala – 1933.
 
Três pilares fundamentais da gênese da sociedade brasileira:
                Monocultura/latifúndio, trabalho escravo e família patriarcal.
Negação da eugenia - branqueamento do Brasil.
                Oliveira Vianna via na mestiçagem um fator de degradação da raça brasileira.
Miscigenação – fator de fortalecimento biológico, social, econômico e cultural.
Demonstrou que o determinismo racial ou climático não influencia no desenvolvimento de um país.
DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL:

Harmônia interétnica: mitigação da escravidão brasileira (menos ruim que a norte-americana).
Harmonia feita através da mistura sexual, culinária
“Confraternização” entre as três raças formadoras da sociedade brasileira:
      
            O português – dominador; - se misciegnou sexualmente com as índias.
O índio - natural da terra; - “intoxicação sexual” – miscigenação imediata com o  
              português, que dominou a mulher nativa – ausência de preconceito.
O negro - vindo da África em posição subalterna.
Mistura de cultura e sangue – fortalecimento da raça físicamente e de sua cultura, enrriquecida.
A FETICHIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES: 
Monocultura, latifúndio e trabalho escravo.
Latifúndio/ Monocultura: propiciou a conquista do extenso território.
     fome - inferioridade física do brasileiro.
Escravatura: trabalhadores saudáveis e fortes – esforço útil – tratados com docilidade -
Família patriarcal:  mulher vítima do domínio e abuso do homem, reprimida sexual e
     socialmente  - submatida ao marido e ao pai.
                      Sádica com relação às mulatas, por inveja sexual.
                      Externando o sadismo e a frieza da vida sexual.
SADO-MASOQUISMO PROJETO NA SOCIEDADE:

                Originado na relação opressiva homem/mulher, e que se refletia na relação mulher branca/mulata, extrapola a vida doméstica e atinge a esfera social e política, expressando-se no mandonismo político, no governo autocrático, no “princípio de autoridade” e na defesa da Ordem.
                Dualidade social: senhores/escravos, doutores/analfabetos, cultura europeia/cultura africana e ameríndia.
 

Caio Prado Júnior.

O primeiro a nacionalizar o marxismo. 

·     
    Foi o primeiro a usar o método marxista do materialismo histórico para analisar a condição brasileira.
·    
     Não vê o marxismo como um conjunto de fórmulas prontas com uma validade universal, mas o vê muito mais como uma abordagem.
·   
      Lida com fatos em termos de relações, processos e estruturas, localiza e explica desigualdades, diversidadese contradições sociais.
·     
    Sua "redescoberta do Brasil" foi mais radical do que a de Gilberto Freyre e a de Sérgio Buarque de Holanda. Ele representaria o "Bem", ao lado de S. B. de Holanda, contra o "Mal", representado por Gilberto Freyre, na análise comparativa feita pelos historiadores paulistas.
·    
     "Redescobrir o Brasil" significa ver que ao lado da elite existe a grande massa da população brasileira e, nesta "face oculta", reside o verdadeiro Brasil.
 
Além da entrada na 2ª Guerra Mundial e a ditadura do Estado Novo, de Vargas, a realidade socioeconômica era:
  • Industrialização lenta e pouco desenvolvida.
  • sociedade ainda ruralizada.
  • atraso na educação.
  • fortes traços herdados da colônia.
 


Ao lançar o seu livro  Formação do Brasil Contemporâneo  (1942), Caio Prado Júnior tentou responder a uma pergunta muito comum da época: por que o Brasil se encontrava daquela forma, sem força econômica e sem uma boa qualidade de vida? 
Causas do não desenvolvimento brasileiro:
 
Para o autor, o não desenvolvimento brasileiro fazia parte de sua formação colonial; por três séculos, o País foi alvo de exploração portuguesa. As riquezas e os recursos brasileiros não ficavam aqui, eram captados pela metrópole e levados à Europa,  "para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu"
 
"uma síntese do Brasil que saía, já formado e constituído, dos três séculos de evolução colonial".
óptica econômica
o Brasil faz parte de um empreendimento maior - o contexto da expansão marítima portuguesa
o desenvolvimento da colônia (povoamento, atividades comerciais, agricultura) atendeu aos interesses da métrópole (Portugal).
o Brasil só se constitui "para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu".
Balanço negativos dos três séculos da colonização:
Tratou-se somente de uma "exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço, dos recursos naturais do país".
vasta empresa comercial, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu.
Formação econômica do povo brasileiro:
Se constitui para trabalhar a baixo custo para fornecer matéria prima para a metrópole.
Um povo que não precisa estudar, pensar nem enrriquecer.
Continuidade de sentido entre o passado colonial e o tempo contemporâneo.
Sentido histórico do Brasil: a produção de capital externo.
Todas as modificações pelas quais o Brasil passara até a década de 1940 e estava passando eram superficiais.
Jamais abandonou sua posição de colônia.